“Sensível pra
cacete, maldosa na mesma intensidade, feliz de andar cantando e depressiva de
nunca achar que uma janela é só uma janela. E cheia de manias bem estranhas… Eu
sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que
fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma
conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva
uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes
da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro,
meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente
ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação
de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só
queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?”
— Tati Bernardi
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