quinta-feira, 28 de junho de 2012

Para chorar...


Chegou a hora, parecia que já não fazia mais sentido continuar. Parecia que o tempo havia fechado, um vento gélido circulava tão frio ao ponto de gelar-me a espinha. Do ponto mais alto da cidade, só ouvia-se o vento balançando as arvores, senti que essa era a hora, não havia ninguém por perto, consequentemente, ninguém ouviria meu ultimo suspiro de vida. Fazia sentido terminar assim como começou: sozinha.

Nunca tive uma base para continuar, vivendo nesse mundo sem pais, sem família, sem amigos… comecei assim, faz sentido terminar da mesma maneira. Estou enrolando demais, mais tempo aqui significava mais sofrimento. Odiava a sensação de terminar já morta por dentro, faltava só o fim, coração parar de bater e o frio tomar todos os pontos de meu corpo, nenhum ar de vida mais tomaria meu corpo, minha alma morta tornaria-se só mais uma, apenas outra adolescente cansada de sofrer. Noticiários locais anunciariam: jovem se mata em floresta ao sul da cidade. Todos se comoveriam, mas poucos realmente me conheciam ou ouviram falar de mim, não seria um incomodo.

Não optei por arma, muito menos faca, ou algo do tipo. Uma overdose… remédios e álcool, mistura fatal. Duas coisas tão fáceis de achar bastassem ter contatos na cidade. Já havia preparado tudo desde meses atrás, quando percebi que já não conseguiria viver mais. Eu “vivia” dia após dia, mas quem garantia o dia de amanhã? “Mais uma jovem com problemas” eles pensariam, mas vai alem disso. Não foi por falta de amor, problemas na escola ou no bairro, foi falta de sentido. Já tentou viver sem sentido? Imagine… você não vive, você está aqui porque ainda não morreu, sobrevive cada dia, sem ter uma razão para continuar. É assim que me sinto, sem razão aparente para continuar. Já não tenho sentido para continuar, porque não intervir agora mesmo? E essa hora é agora.

(Nesse momento a jovem toma duas cartelas de ritalina e toma o máximo que ela conseguiu de vodca. Ela foi sentindo toda a vida que estava nela evaporando, sentiu o chão sumindo e a vista ficando turva. Finalmente conseguiu dar um fim no sofrimento… a jovem estava finalmente morta).

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